sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Rebeldes da Academia (1980)


Olá amiguinhos! Esta resenha foi publicada originalmente no blog Nerds Paraenses, e resolvi re-postá-la aqui no blog!
Em 1979, John Landis dirigiu um pequeno filme para o público juvenil chamado “Clube dos Cafajestes” (“National Lampoon’s Animal House”, no original). Ninguém esperava que um filme de orçamento medíocre (custou apenas 3 milhões de doletas) se tornasse um tremendo sucesso(arrecadando 141 milhões só nos EUA). “Clube dos Cafajestes” arrebentou a boca do balão e transformou John Landis num diretor de primeiro escalão, levando-o a dirigir filmaços como “Um Lobisomem Americano em Londres” (“An American Werewolf in London”,1981) e o vídeo do grande hit pop de todos os tempos, “Thriller”, de Michael Jackson.
Acontece que “Clube dos Cafajestes” foi apadrinhado por uma revista humorística chamada “National Lampoon”, e logo após o lançamento do filme essa revista ganhou mais popularidade. Logo uma penca de revistas humorísticas também tentavam se aproveitar dessa onda, emprestando seus nomes à filmes, mesmo que não estivessem envolvidos na produção ou roteiro.
Vendo tudo isso, a Warner Bros. resolveu que também ia faturar em cima dessa onda recente. Por isso, pegou emprestado o nome da principal revista humorística do país, a MAD, que é de sua propriedade (sendo o único título ainda publicado da clássica linha da EC Comics), e encomendaram o roteiro para a dupla Tom Patchett (criador de Alf, o Eteimoso) e Jay Tarses.
Rebeldes da Academia conta a história de quatro garotos problemáticos chamados Ike, Hash, Oliver e Chooch (interpretados respectivamente por Wendell Brown, Tommy Citera, Hutch Parker e… Ralph Macchio!) que são enviados para uma academia militar, onde encontram todos os tipos de estereótipos raciais e sexuais, coisas como o militar sádico Major Vaughn Liceman (Ron Liebman) e seu cachorro com farda militar (que se parece muito com o cão do Sargento Tainha, das tirinhas do Recruta Zero…), uma professora gostosa de armamentos (Barbara Bach) e até um professor de dança homossexual (interpretado por Tom Polston).






A partir daí o roteiro fica muito confuso, embora tende a focar na rivalidade de Oliver e Major Liceman, que acaba se apaixonando por Candy (Stacey Nelkin), a namorada de Oliver, que também está numa academia militar situada bem pertinho de onde o garoto está(!).
Li uma vez que se um dia alguém quiser fazer uma cartilha sobre como não fazer comédias, deveriam usar este filme como exemplo prático. É verdade, pois “Rebeldes da Academia” não funciona em  momento algum e em nenhum aspecto. Mal – editado, interpretações sofríveis (com exceção de Liebman, que é ótimo, mesmo fazendo os recrutas falarem as coisas um monte de vezes dizendo “Say It Again! Say It Again!”) , roteiro ridículo e cheio de piadas forçadas e trocadilhos ridículos que faz “Agamenom, o Repórter” parecer um concorrente ao Oscar de melhor roteiro original, e o mais trágico, a direção sem ritmo e densa de um sujeito chamado Robert Downey (sim, o pai do Tony Stark!), que, convenhamos, como diretor nunca foi lá essas coca- cola. Algumas piadas que podiam ficar legais e que combinavam com o humor sem noção da MAD, como a banda do colégio, desafinada de dar dó, que acaba quebrando o quadro do filme, são destruídas pelas mãos de ferro de Downey Sr. Ao fim da projeção, fica a sensação de ter perdido parte do seu tempo vendo essa joça. Uma piada ruim, que podia ter se tornado brilhante na mão de gente como Jim Abrahams, David Zucker e Jerry Zucker.

Na época, a equipe da MAD, junto do lendário editor Bill Gaines, logo após o lançamento do filme publicaram um editorial se desculpando com os leitores pela ruindade da obra. Dizem até que Bill Gaines respondeu pessoalmente a todas as cartas que reclamassem da porcaria do filme. Porém, mostrando que sabe rir da própria cara, a revista publicou uma sátira do filme, que ao contrário das sátiras tradicionais, que contém muitas páginas, só tinha duas páginas. A sátira termina com uma conversa entre editores e desenhistas, que dizem que o filme é escroto demais até para tirar um sarro!

Depois da tragédia, Bill Gaines pagou 30 mil doletas para a Warner Bros. retirar do filme todas as referências à revista. Assim, todas as cenas em que Alfred E. Neuman aparece foram removidas e permaneceram assim até a morte de Gaines, nos anos 90, quando o estúdio colocou de volta no filme todas as referências à MAD.
 Porém, vale ressaltar os quatro únicos pontos positivos desse filme:
  1. Vale assisti-lo numa sessão com os amigos para rir da escrotice da produção;
  2. Ver Ralph Macchio antes de ficar famoso com “Karatê Kid”;
  3. A ótima trilha sonora, com clássicos de bandas como Blow – Up, Blondie, Ian Hunter, Cheeks, Stooges, The Kinks, Sammy Hagar, Lou Reed, e muitos outros caras geniais;
  4. Ver um Robert Downey Jr. ainda com cara de moleque, fazendo participação especial e pagando o tradicional mico de início de carreira. Felizmente,não foi creditado (e deve agradecer até hoje).
                                                      Trailer de "Rebeldes da Academia"

MAD Magazine Presents Up The Academy (EUA, 1980)
Direção: Robert Downey
Elenco: Wendell Brown, Tommy Citera, Hutch Parker, Ralph  Macchio, Harry Teinowitz, Barbara Bach, Ron Liebman, Stacey Nelkin, Tom Polston, Ian Wolfe, Robert Downey Jr.

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