sábado, 7 de julho de 2012

Shock Treatment (1981)


Em 1975, estreou sem nenhum alarde aquele que se tornaria o um dos grandes musicais da história, e certamente o mais mmaluco e cultuado de todos, "The Rocky Horror Picture Show". No fim dos anos 70 e começo dos 80 o filme teve seu ápice de público, e isso levou Richard O' Brien e Jim Sharman a escreverem a continuação.

O' Brien entregou dois roteiros chamados "Rocky Horror Shows His Heels" e "Revenge Of The Old Queen", porém este último por ser considerado mais pesado e depressivo foi deixado de lado. Porém, quando as filmagens estavam prestes a ser agendadas, uma greve dos sindicatos de hollywood iniciou, fazendo assim o filme ficar impossibilitado de ser filmado em locações. A solução encontrada foi filmar o filme inteiro em estúdio e a mudança do roteiro, mudança essa que serviria para aproveitar as músicas que já tinham sido compostas para o filme. No final de tudo, "Shock Treatment" finalment entrou em cartaz.

"Shock Treatment" começa com uma narração contando a história de Farley Flavors, um magnata do Fast Food que praticamente governa a cidade de Denton, antes uma simples cidadezinha do sul dos EUA e que agora foi transformada em um estúdio de TV gigante. Farley viveu uma vida rápida, como diz o narrador "sua vida foi rápida, seus amigos eram rápidos, até a sua comida era rápida.", mas ele não estava satisfeito com tudo. Flavors queria se casar, e a moça que ele escolhe é Janet Majors (Jessica Harper, substituindo Susan Sarandon), porém ela já é casada com Brad Majors (Cliff de Young, de "Star Trek: Deep Space Nine", substituindo Barry Bostwick). Os dois estão vivendo uma fase difícil do casamento, o que leva Janet a ser influenciada por Bert Schnick (Barry Humphries, muito esquisito), o apresentador de um programa chamado "Marriage Maze" a internar Brad em Dentonvale, uma clínica psiquiátrica dentro da cidade-estúdio, e que também é uma especie de Reality-Show.

Enquanto Brad é submetido à terapia forçada, Janet vira uma celebridade e acaba tornando-se egocêntrica e se esquece do marido. Nesse interim, temos Betty Hapschatt (Ruby Wax) e Oliver Wright (Charles Gray, o criminologista de RHPS e Mycroft Holmes na série dos anos 80) que estão dispostos a ajudar Brad a fugir e desvendar a farsa dos médicos de Dentonvale, Dr. Cosmo McKinley (Richard O' Brien) e Nation McKinley (Patricia Quinn), e também divulgar a verdade sobre Farley Flavors, que tem mais a ver com Brad do que qualquer outro.


Como você pode perceber, "Shock Treatment" é uma bagunça. Mas é necessário que se diga: para curtir esse filme, você deve esquecer dos eventos de "The Rocky Horror Picture Show". Nada sobre o incidente do filme anterior é mencionado. Esqueça Transilvanianos e homens travestidos, esta aqui é uma história totalmente independente e nova. Se você se prender na mitologia cativante - e superior - do filme original, vai acabar perdido ou muito puto no final da projeção. As músicas ainda são muito boas e a performance de Brad e Janet por Young e Harper não fazem feio em comparação a Bostwick e Sarandon. Obviamente em algum ponto sentiremos falta da presença do ótimo Tim Curry, mas pelo menos temos O' Brien e Quinn melhores do que nunca como o casal de irmãos-amantes. Cliff de Young se sai melhor como Farley Flavors do que como Brad, e é uma pena que apareça tão pouco durente o filme. Menos interessantes são a infermeira Ansalong (Little Nell) e a outra turma, Ralph Hapschatt (Jeremy Newson, o único reprisando seu papel de RHPS) e Macy (Wendy Raebeck), que só está no filme pra encher linguiça.

Tirando essas poucas inconveniências, "Shock Treatment" vale uma conferida. Um "Double Feature" com Rocky Horror também é bem vindo, mas nada muito além disso. Em termos de qualidade, bizarrice e beleza, Rocky Horror continua imbatível.
                               
                                                         Trailer de "Shock Treatment":
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Shock Treatment (EUA e Inglaterra,1981)
Direção: Jim Sharman
Elenco: Jessica Harper, Cliff de Young, Richard O' Brien, Patricia Quinn, Charles Gray, Little Nell, Ruby Wax, Barry Humphries, Jeremy Newson

sexta-feira, 6 de julho de 2012

O Espetacular Homem-Aranha (2012)

Onde você estava no dia 4 de maio de 2007? Eu estava em uma sala de cinema assistindo aquele que prometia ser o filme do ano, "Homem-Aranha 3". Infelizmente, a promessa não foi cumprida: o que eu (e todos os fãs do aranha) vimos foi um filme irregular, absurdo e estúpido, e que só decaía conforme chegava aos momentos finais. Saindo da sessão, todos tínhamos a sensação que tínhamos acompanhado o "Superman IV" do século XXI.


Bom, cinco anos se passaram, até que finalmente chegou aos cinemas o reboot (termo hollywoodiano bastante usado na atualidade, porém menos que remake) do herói nos cinemas. Como sou fã do aracnídeo desde moleque (leio quadrinhos desde os 6 anos), fui dar uma conferida, já que além de ser fã, sempre acompanhava as notícias relacionadas à produção. Eu vi o filme e posso dizer que estou dividido. Não sei se alguém se sentiu assim, mas ao final da sessão eu não soube o que pensar do filme, era como se eu não tivesse digerido tudo completamente. Sim, também parece complexo pra mim, mas vamos com calma.



Começamos acompanhando a história de Peter Parker ainda criança, quando é deixado pelos pais Richard e Mary Parker (Campbell Scott e Ambeth Davidtz) na casa dos tios Ben (Martin Sheen) e May (Sally Field). O tempo passa, e agora Peter (o ótimo Andrew Garfield, de "A Rede Social") está no colégio e sofre na mão do valentão da escola, Flash Thompson (Chris Zylka) ao mesmo tempo em que se apaixona pela bela e inteligente Gwen Stacy (Emma Stone, de "Superbad" e "Zumbilândia"). Quando Peter encontra uma velha pasta que pertencia a seu pai, as memórias da infãncia vem à tona, e então o garoto começa a investigar a misteriosa causa do desaparecimento dos pais, assim acaba chegando a um velho amigo do pai, Curt Connors (Rhys Ifans), um dos mais brilhantes cientistas da Oscorp, que explica que os dois foram parceiros tempos atrás. Ainda na Oscorp, Peter infiltra-se em uma sala de experimentos com aranhas geneticamente modificadas, e acaba sendo picado por uma, o que confere a ele força e agilidade sobre-humanas. Após a morte de seu tio pelas mãos de um assaltante, Parker resolve usar seus dons adquiridos primeiro para a vingança, depois para fazer justiça,adotando a identidade do amigão da vizinhança, o Homem-Aranha.

Segundo Connors, a ideia dos experimentos que ele fazia com o pai de Peter era criar um mundo em que as pessoas fossem perfeitas, sem deficiências físicas ou deformações, porém todos os testes com animais realizados haviam dado terrivelmente errado. Quando Peter consegue definir uma resposta para o problema e Curt finalmente termina seu trabalho, um dos manda-chuvas da Oscorp, Rajit Ratha (Irfhan Khan) resolve que está na hora de começar os testes com humanos. Após relutar, Connors finalmente aceita as condições de Ratha e testa em si mesmo a fórmula, que descobrimos depois ter tido um erro de cálculo, transformando Curt no vilão Lagarto. Agora, resta a Peter deter o megalomaníaco vilão, que pretende criar uma nova raça de homens-lagarto a partir de um ataque biológico na cidade, enquanto ao mesmo tempo tem que lidar com suas novas habilidades, responsabilidades, com a namorada e de quebra entregar os ovos que sua tia pediu para o jantar.

Como eu disse anteriormente, sou fã do herói (e de quadrinhos) desde moleque (se você reparar, quadrinhos são temas frenquentes neste blog). Mas saí do cinema sem tempo de pôr as ideias no lugar. Acredito que comentários apresentados de forma convencional não são a melhor forma de apresentar minha opinião, então vou fazer assim: apresentar primeiros o que é legal e depois o que não foi tão legal assim.

Lá vai então...

O que foi legal
O primeiro acerto do filme foram as caracterizações dos personagens, assim como a escalação dos atores. Todos parecem estar muito à vontade em frente à câmera, sobretudo Andrew Garfield e Emma Stone, que são mais carismáticos que o casal protagonista anterior, Tobey Maguire e Kirsten Dunst (e não, a Mary Jane não foi a primeira namorada do Peter). Martin Sheen está genial como Tio Ben, a ponto de rivalizar com o eterno Cliff Robertson (infelizmente, as comparações com a cinessérie anterior sempre vão existir). Legal também a atuação de Rhys Ifans como Connors. Tudo isso ainda embalado na direção esperta de Marc Webb (de "(500) Dias Com Ela"), embora o novo diretor peque um pouco mais do que Sam Raimi pecou.
Outros acertos foram as sequencias de pancadaria, sempre bem empolgantes e que fazem jus ao personagem, as poses do Homem-Aranha, igualzinho aos quadrinhos e uma coisa que não existia na trilogia de Raimi, o 3-D é muito bom e vale pagar um pouco mais caro (diferente do 3-D de "Os Vingadores" e de muitos outros filmes, em que não apresenta melhoras ou quase nada se salva), e é claro, a melhor participação de Stan Lee em um filme dos heróis Marvel, numa cena que é pra rolar de rir.

O que não foi tão legal
O filme realmente força a barra em algumas situações, como por exemplo a super-força de Peter logo após que ele adquire os poderes (digamos que a força e super demais), as coincidências convenientes no texto não são poucas, mas pelo menos não são tão escancaradas e absurdas quanto em "Homem-Aranha 3" embora siga o mesmo caminho. A trilha sonora do mestre James Horner está longe, mas muuuuuuito longe da qualidade daquele épico composto por Danny Elfman para os filmes anteriores (que já nos fazia arrepiar ainda nos créditos iniciais). A história é um tanto acelerada demais, e acaba deixando coisas pra trás, como a busca de Peter pelo assassino do tio, a história dos pais de Parker e até mesmo um personagem que acaba sumindo da narrativa na metade do filme sem mais nem menos. Uma grande mancada é o fato de não haver menção à família de Curt Connors, um elemento essencial para o drama do vilão nos quadrinhos.

Enfim, acho melhor terminar aqui para não correr o risco de ficar tão chato quanto o Érico Borgo (meu cozinheiro favorito do Omelete), porém chego à conclusão de que não é um filme ruim, embora tenha muito mais erros do que acertos. Ele empolga, é envolvente, engraçado, mas ainda não chega aos pés de "Homem-Aranha 2", que ainda continua sendo a versão definitiva do herói no cinema. Podemos dizer que "O Espetacular Homem-Aranha" está com um pé no céu e outro no inferno, agora o que podemos fazer é esperar para ver se esses erros serão consertados na inevitável continuação e se esta seguirá o caminho certo. Mas por enquanto ainda dá pra se contentar com este aqui.
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The Amazing Spider-Man (EUA, 2012)
Direção: Marc Webb
Elenco: Andrew Garfield, Emma Stone, Rhys Ifans, Denis Leary, Irrfan Khan, Campbell Scott, Embeth Davidtz, Martin Sheen, Sally Field