domingo, 16 de dezembro de 2012

Os Fantasmas Se Divertem (1988)



Não sou muito fã do trabalho de Tim Burton. Embora seja um cara que fez ótimos filmes, atualmente ele se limita a dar sua "visão sombria" para algo que já existe, ficando assim bem distante do cara original por trás de curtas como "Frankenweenie" e "Vincent". Porém, não digo que abomino o trabalho de Burton por várias razões (os Bat-Filmes, seus trabalhos nos anos 90), mas principalmente, porque ele fez um dos meus filmes favoritos e que tem um lugar especial na minha memória afetiva: a deliciosa comédia de humor negro de 1988 "Os Fantasmas Se Divertem". 

Assisti há pouco tempo novamente, e pude perceber algumas sutilezas e detalhes bem interessantes que passavam despercebidos por mim na época em que esse filme passava na Sessão da Tarde (a salvação das tardes quando o Silvio Santos deixava de passar Chaves e colocava novelas e outras besteiras chatas como "Os Pássaros Feridos"), mas percebi que Os Fantasmas Se Divertem envelheceu muito bem (embora alguns efeitos especiais da época, como saturno e os vermes de areia, estejam um tanto quanto ultrapassados) e ainda continua muito engraçado.

No filme, Adam (Alec Baldwin) e Barbara (Geena Davis, antes do fracasso "A Ilha da Garganta Cortada", que enterrou parcialmente sua carreira) são um simpático casal que vive longe de tudo em uma cidadezinha no interior dos EUA. Enquanto ele se empenha em construir uma maquete da cidade, ela se limita a ajeitar as coisas da casa e a espantar a sua irmã, que tenta convencê-los a vender a casa. Porém quando os dois voltavam das compras, acabaram por se descuidar na estrada e provocam um terrível acidente.

Ao voltarem pra casa, os casal descobre que não sobreviveu ao acidente e que sua casa já foi vendida pela irmã de Barbara. Quando a família que comprou a casa, os Deetz  - Charles (Jeffrey Jones, figura clássica dos filmes dos anos 80, como já foi dito no artigo sobre Howard, O Super-Herói), Delia (Catherine O’Hara) e Lydia (Winona Ryder, muito jovem), a filha gótica de Charles – chegam na casa, o casal de fantasmas resolve espantá-los de lá, mas acabam se esbarrando em um monte de burocracias do além. Resta a eles contratar o Bio-Exorcista autônomo conhecido como Betelgeuse (Michael Keaton, excepcional), um fantasma muito excêntrico que resolve ajuda-los a expulsar os vivos daquela casa. Os problemas começam quando eles começam a simpatizar por Lydia, e quando esta conhece Betelgeuse durante um ataque do fantasma à família dela, quando ele acaba se apaixonando por ela. Agora, Adam e Barbara devem arrumar um jeito de fazer as pazes com Lydia (que acha que eles foram os responsáveis pelo ataque), com os pais da garota e dar um fim em Betelgeuse e em toda sua maluquice.

Dirigindo sobre um roteiro inteligente ( por Michael McDowell e Larry Wilson) e com umas sacadas ótimas, Burton faz de Os Fantasmas Se Divertem uma ótima experiência visual. Pode-se dizer que o público conheceu o universo sombrio de Burton através desse filme, pois seus curtas não eram muito conhecidos do grande público, e seu filme anterior, “A Grande Aventura de Pee-Wee”, nem de longe lembrava algo do diretor. O elenco é excepcional, principalmente Keaton, super à vontade e muito engraçado. Única exceção talvez seja Otho (Glenn Shadix), que apesar de ganhar mais importância na trama lá no final, é um personagem muito chato e impossível de gerar qualquer simpatia. A trilha sonora de Danny Elfman (compositor requisitado em quase todos os filmes de Burton) dá uma pista do que o filme é: uma grande brincadeira sombria e divertida (poucas vezes uma trilha casou tão bem com um filme como dessa vez).

Após o sucesso deste filme, Tim Burton pôde realizar grandes projetos como o primeiro “Batman” e o maravilhoso “Edward Mãos- de-Tesoura”, e aí ir pros seus filmes mais pessoais como o sensacional “Ed Wood” e “Marte Ataca!”, antes de despirocar de vez e perder toda sua originalidade (sua versão de “A Fantástica Fábrica de Chocolate” é horrorosa e ainda tem gente que acha melhor que o filme original de Mel Stuart!). Você pode até odiar o Burton de hoje como eu, mas esse filme merece ser visto, esse dentro de outros também imperdíveis os quais citarei em outra oportunidade. Por enquanto, assistam esse novamente, e quem nunca viu corra atrás.

                                   Trailer de “Os Fantasmas Se Divertem”


Beetlejuice (EUA,1988)
Direção: Tim Burton
Elenco: Alec Baldwin, Geena Davis, Jeffrey Jones, Catherine O’Hara, Winona Ryder, Michael Keaton 

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O Fantasma do Paraíso (1974)


De toda a filmografia de Brian De Palma, posso dizer que "O Fantasma Do Paraíso" figura no Top 3 dos meus filmes favoritos. Essa produção de 1974 representa o que há de melhor no estilo do cineasta, onde vemos o diretor no auge de sua forma, acompanhado de um elenco brilhante e de um roteiro esperto (escrito pelo próprio De Palma).


Na trama de "O Fantasma do Paraíso", conhecemos o músico e empresário do ramo fonográfico conhecido apenas como Swan (interpretado pelo músico Paul Williams), um precoce no meio da música, que produziu seu primeiro disco de ouro aos 14 anos, e conseguiu alcançar o ápice da fama ao lançar o grupo The Juicy Fruits, que surgiu em meio a onda de saudosismo nos anos 70. Porém, ele decidiu que já era hora de experimentar outras coisas, e para isso ele precisa de uma nova sonoridade, tanto para se auto-promover quanto para poder inaugurar o que seria o Templo definitivo do rock, o Paradise, um lugar onde tudo seria permitido e que viveria recebendo artistas de Rock, normais e malucões.

Em sua busca por uma sonoridade única, Swan acaba conhecendo o excêntrico pianista Winstow Leach (William Finley), que compôs uma excepcional sonata que retratava a clássica história de Fausto. Empolgado por receber uma proposta de ter sua música produzida por Swan, Winstow acaba dando a cópia original da sonata para o produtor, que a rouba, primeiro botando os Juicy Fruits para tocá-la, e depois dando- a para uma grande cantora chamada Phoenix (Jessica Harper, de "Shock Treatment"). Quando Winstow descobre que sua música está sendo tocada por uma banda comercialóide e descartável, ele passa a caçar o inescrupuloso produtor, porém um acidente terrível na fábrica de discos pertecente a Swan faz com que o compositor tenha seu rosto deformado, forçando-o a usar uma máscara e uma roupa especial. A partir daí, Winslow, agora assumindo a identidade do Fantasma, começa uma verdadeira busca por vingança contra aquele que causou seu mal, ao mesmo tempo em que tenta salvar Phoenix das garras do empresário, que guarda um segredo macabro.

"O Fantasma do Paraíso" é uma aula divertidíssima de cinema. O roteiro é bem inteligente, carregado de humor, drama e ação; o elenco está impecável (com destaque para o trio protagonista, Finley, Williams e Harper), e a música, a cargo de Williams, é excelente, com canções de Rock bem setentistas e exageradas (era a época do Glam Rock, afinal). Destaque também para Gerrit Graham ( de Brinquedo Assassino 2), na pele do excêntrico músico Beef, uma das coisas mais divertidas do filme, mas que infelizmente aparece bem pouco.

Enfim, se você não conhece a filmografia de Brian De Palma, mas quer aventurar-se nela, esse filme aqui é uma excelente porta de entrada, onde tudo de bom que o cinema do diretor tem está condensado em uma produção só. Vale também uma sessão com esse e dois dos filmes mais conhecidos do cara: "Carrie, a estranha" e "Scarface". Ao final dessa sessão, você estará apaixonado pelo cinema de Brian De Palma.

                                                         Trailer de "O Fantasma do Paraíso"


Phantom Of The Paradise (EUA, 1974)
Direção: Brian De Palma
Elenco: Paul Williams, William Finley, Jessica Hraper, Gerrit Graham, George Memmoli


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Passion (2012)


Olha, o negócio é o seguinte... eu adoro o trabalho de Brian De Palma e pra mim ele é um dos caras mais fodas da história do cinema. Eu realmente adoro os trabalhos do cara. Por isso, fiquei decepcionado após ver uma negação transposta em película chamada "Passion", um remake de De Palma para o filme francês "Crime de Amor", dirigido por Alain Corneau.

Em "Passion", uma executiva do ramo da publicidade chamada Christine (Rachel McAdams), sempre se achou a última bolacha do pacote, a fodidona da história, até que Isabelle (Noomi Rapace), uma de suas subordinadas, aparece com ótimas ideias, revelando ser outra grande promessa do ramo. Eis então que Christine começa a roubar as ideias de Isabelle, numa tentativa de se impor à garota rival. As duas então começam um relacionamento competitivo, mas depois elas acabam tendo relações sexuais, inclusive com o mesmo amante e uma outra assistente do ramo (interpretados por Paul Anderson e Karoline Herfurth, respectivamente).

Não dá pra entender o que aconteceu com De Palma ao dirigir "Passion". Quando você constata que este é o mesmo diretor de obras como "O Fantasma do Paraíso", "Missão: Impossível", "Carrie" e "Scarface", você até começa a acreditar que ele deve ter batido a cabeça numa pedra em alguma praia por aí. Só isso pra justificar a direção pesada e bastante incoerente do veterano, combinada com um roteiro que cria um suspense tão bem resolvido quanto um de um episódio de Scooby-Doo (se bem que até o desenho do cão medroso tem tramas mais trabalhadas).

A situação piora ainda mais, porque graças à direção frouxa, o elenco também não se esforça em deixar a coisa um pouco melhor. Os protagonistas fazem mais caretas e caras afetadas do que Tommy Lee Jones e Jim Carrey conseguiram no infame "Batman Eternamente", e todo mundo mesmo bem canastra. Tudo de realmente muito mal gosto.

Pelo menos é garantia de boas risadas. O negócio é tão ruim que fica até engraçado. Mas isso não é uma boa notícia quando se fala de Brian De Palma. Mais sorte na próxima pra ele, então.
                                                                       
                                                                    Trailer de "Passion"


Passion (EUA, França, Alemanha)
Direção: Brian De Palma
Elenco: Rachel McAdams, Noomi Rapace, Paul Anderson, Rainer Bock, Karoline Herfurth

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Howard, O Super-Herói (1986)


Em 1986, filmes baseados em quadrinhos eram difíceis de se ver chegando aos cinemas. Como já disse antes, tirando os filmes do Super-Homem, e um ou outro projeto, as HQs passaram bem longe da telona. Como todo mundo sabe, apenas em 1989, quando o Batman de Tim Burton mostrou que dava pra fazer um filme de HQs que lucrasse e fosse fiel à fonte, o gênero floresceu. E foi no período pró-morcegão que "Howard, O Super Herói" foi produzido, sendo considerado uma aberração e uma vergonha dentro da respeitada filmografia de seu produtor: George Lucas.

Reza a lenda que Lucas era fâ das histórias do pato boca-suja da Marvel Comics, que começaram a ser publicadas em 1975 e terminaram em 1978 (e que depois disso teve mais algumas minisséries e participações especiais nas revistas de outros personagens). Primeiro, pensou-se em fazer uma animação, porém como sempre tem que ir contra a maré - as vezes pro bem e as vezes pro mal - Lucas convenceu a produtora Gloria Katz e o diretor Willard Huyck a produzir o filme em Live-Action, deixando os efeitos especiais por conta de sua Industrial Light and Magic.

Ninguém brinca com o mestre do Quack Fu!

No filme, Howard (interpretado por 6 pessoas diferentes durante o filme), um pato humanóide que reside em Duckworld, acaba sendo trazido à Terra por culpa de um Laser experimental vindo do nosso planeta. Após viajar pelo universo, acaba aterrissando em Cleveland, onde enfrenta a ira de um namorado esquentado e um bando de motoqueiras chamadas "Prostitutas de Satã". Quando os problemas parecem não ter fim, Howard conhece a adorável terráquea Beverly (Lea Thompson, em alta na época por causa de seu papel em "De Volta Para O Futuro"), que torna-se amiga dele após ele meter o cacete em uns caras que queriam violentá-la. Howard conta seu problema, e Beverly diz que conhece alguém que pode ajudá-lo a voltar para casa: o aprendiz de cientista Phil (Tim Robbins pagando o clássico mico de início de carreira), que chama para ajudá-lo o Dr. Walter Jenning (Jeffrey Jones, figura carimbada dos filmes dos anos 80), que supervisionava a experiência que trouxe Howard à Terra por engano.

Ao tentar refazer a experiência, porém, algo sai errado, e o Dr. Jenning começa a sofrer alguns distúrbios. Preocupados, Howard e Beverly fogem com ele. Mais tarde, eles acabam descobrindo que uns seres conhecidos como Mestres Ocultos do Universo estão vindo para dominar a Terra, fazendo moradia no corpo de Jenning. Agora resta a Howard com a ajuda de seus amigos (metidos em muuuitas confusões, como já dizia o narrador da Sessão da Tarde) impedir que os vilões cheguem para dominar tudo.

Repleto de coisas ridículas e piadas ruins, "Howard, O Super-Herói" tornou-se o maior fracasso de 1986 e é uma produção execrada até hoje, embora George Lucas até hoje acredita que o filme no futuro será visto com bons olhos. O prejuízo foi tão grande que Lucas teve que vender a divisão de animação da LucasFilm para poder pagar as contas, o que no fim deu certo para vendedor e comprador, pois o segundo era ninguém menos que Steve Jobs, que depois ajudou Lucas a transformar a antiga divisão de animação na Pixar, a maior empresa de animação do mundo (e hoje, assim como a LucasFilm, é parte da Disney). O filme pecou por não ser tão fiel ao espírito do personagem nas HQs (inéditas no Brasil). Nos quadrinhos criados por Steve Gerber, Howard é bem mais boca-suja, há muito menos de ficção científica e muito de crítica social em suas páginas. Os roteiristas Katz e Huyck optaram por deixar o lado crítico do personagem de lado e entregar mais um filme genérico de aventura, desta vez com o diferencia lde ser estrelado por um ator vestido de pato (Gloria Katz mais tarde respondeu as críticas ruins ao seu filme, dizendo: "É um filme sobre um pato de outro planeta, não é para ser um filme profundo e existencialista"). Mas o maior erro foi não ter feito do filme uma animação, que casaria bem melhor com o estilo do filme e nos pouparia de ter que crer que aquele visível boneco é um pato alienígena; por causa disso, os 6 anões que se fantasiaram de pato acabaram ganhando o Framboesa de Ouro de pior ator.

Inexplicavelmente, o filme hoje tem uma legião de fãs (entre os quais eu envergonhadamente me incluo) que o veem apenas como uma grande piada e um tesouro do que pode ser chamado de "Trash Mainstream". Felizmente, a carreira de nenhum dos envolvidos foi abalada tão drasticamente (Tim Robbins até ganhou um Oscar mais tarde, pelo excelente "Um Sonho de Liberdade"), mas ainda assim é uma mancha negra nas carreiras de todo o elenco e crew. Pior para Lucas, que apenas produziu mas que acabou, quase que sozinho, pagando o pato.

                                                      Trailer de "Howard , O Super-Herói":

Howard The Duck (EUA, 1986)
Direção: Willard Huyck
Elenco: Lea Thompson, Jefrrey Jones, Tim Robbins, Chip Zien, Ed Gale, Paul Guifoyle, Tim Rose, Virginia Capers

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A Volta dos Mortos-Vivos (1985)


BÚ!

Aproveitando que hoje é Halloween, resolvi fazer um post especial para comemorar a data, falando um pouco sobre um dos grandes clássicos do terror oitentista: A Volta dos Mortos-Vivos. Despretensiosamente escrito por Dan O' Bannon, conhecido por ter escrito o roteiro de "Alien", "A Volta dos Mortos-Vivos" faz referência direta ao "A Noite dos Mortos-Vivos", de George A. Romero, que na trama do filme, foi baseado em uma história real. Entretanto, ele não é algum tipo de sequência ou spin-off do filme de Romero.

No filme, conhecemos Frank (James Karen) e Freddy (Thom Matthews), que trabalham em uma espécie de armazém para suplementos médicos, sendo Freddy um novato. Eis que então Frank conta a Freddy toda a história por trás do filme de Romero: ele teria escrito o filme baseado em testes com elementos químicos feitos pelo exército, cujo efeito colateral fazia os mortos pularem como se ainda estivessem vivos. Como miséria pouca é bobagem, os corpos usados no experimento estão trancafiados em uns tipos de tambores no porão do armazém, que também vende corpos para escolas de medicina.

Tomados pela curiosidade, os dois descem para ver os corpos, e abrem um dos tambores, mas um dos barris começa a vazar, fazendo que os dois desmaiem ao inalar o gás que lá estava armazenado. Indo pela ventilação, o gás começa a se espalhar por todo o lugar, afetando inclusive uma sala onde um cadáver está guardado. Enquanto isso, somos também apresentados aos amigos de Freddy, um grupo de punks que espera o jovem sair do emprego para irem a farra, mas enquanto isso fazem uma festinha em um cemitério da cidade. Acontece que quando Frank, Freddy, e seus outro amigos Ernie (Don Calfa) e Burt (Clu Gulager) acabam por cremar o corpo re-animado, as toxinas presentes no corpo do zumbi escapam pela fumaça e logo depois misturam-se à uma chuva, que obviamente também cai no cemitério onde os punkis estão, acabando por trazer os mortos de volta à vida. Começa agora uma guerra para livrar-se dos mortos-vivos, mandando eles novamente para debaixo da terra.

Misturando terror clássico com humor negro, além de várias referências aos filmes de mortos-vivos, "A Volta dos Mortos-Vivos" é um filme muito divertido e que acrescenta coisas à mitologia dos zumbis. Neste filme, eles são capazes de falar e são até bem inteligentes (uma sacada genial é a cena quando um dos zumbis escuta o rádio da ambulância, deixa de devorar o cérebro do paramédico e responde ao chamado falando "Mandem mais paramédicos"). Uma mudança é o fato dos zumbis se alimentarem apenas dos cérebros das pessoas, e não mais de seu corpo inteiro como em outros filmes (daí vem a clássico expressão "BRAAAAAAINS", dita por um dos zumbis e repetida até hoje nos Zombie Walks da vida). O elenco é ótimo e parece muito a vontade durante o filme inteiro com destaque para a dupla protagonista Karen e Matthews. Para os homens, quem rouba a cena, entretanto, é Linnea Quigley, como a punk conhecida como Trash, na clássica cena em que ela dança nua em cima de uma sepultura. Linnea tornou-se a rainha dos filmes B depois de estrelar várias produções de baixo orçamento, a maioria inéditas no Brasil.

Em tempos que as pessoas conhecem zumbis através dos filmes de Resident Evil (todos muito ruins!) e de séries competentes como The Walking Dead (conheça os quadrinhos), vale a pena revisitar o passado e assistir esse classicão que ainda funciona muito bem e continua tão aterrorizante e engraçado quanto foi há 27 anos.

Melhor fala:
"- Você não disse que era só destruir o cérebro e ele morria?"
"- Funcionava no filme!"
" - Mas não funciona agora."
" - Quer dizer que o filme mentiu?"

                                                      Trailer de "A Volta dos Mortos-Vivos"

The Return Of The Living Dead (EUA,1985)
Direção: Dan O' Bannon
Elenco: James Karen, Thom Matthews, Clu Gulager, Miguel A. Nunez Jr., Brian Peck, Linnea Quigley

terça-feira, 23 de outubro de 2012

The Return Of Captain Invincible (1983)


Gosto de Super-Heróis. Leio gibis desde bem moleque. Até lembro do primeiro gibi que ganhei: uma edição de 1985 da revista Super-Amigos que continha histórias de Batman e uma parte da mini Camelot 3000. Gosto muito de comédias e musicais também. Se você também adora tudo isso, então você precisa assistir essa desconhecida produção australiana chamada "The Return Of Captain Invincible", uma divertida sátira da imagem clássica do Super-Herói, e uma das comédias mais engraçadas que eu já vi, mas que ninguém mais parece ter assistido.


A trama nos apresenta o corajoso Captain Invincible (Alan Arkin, o avô drogadão de "Pequena Miss Sunshine"), um super-herói deliciosamente clichê: correto até o DNA e defensor do American Way Of Life no maior estilo Super-Homem ou Capitão América nos anos 40 (os dois influenciaram a criação deste). Ele fazia sucesso na Segunda Guerra Mundial, quando ajudou a derrubar os Nazistas, porém após o fim da guerra, Captain Invincible foi proibido de atuar em prol da justiça, pois o governo americano o acusou de ter ligação com os comunistas (por causa de sua capa vermelha), voar sem ter licença e de ser uma afronta à moral e aos bons costumes, por usar cueca por cima da calça em público.

Desolado e sem forças para continuar, o herói muda-se para a Austrália, onde permanece no anonimato por 40 anos. Enquanto isso, na América, o terrível vilão Mr. Midnight (Christopher Lee, absurdamente cômico) põe em prática seu grande plano: roubar uma poderosa arma chamada Hypno-Ray e usá-la para dominar o mundo. Após várias ideias de contra-ataque serem negadas, o Presidente dos EUA (Michael Pate, muito engraçado) encontra a única solução: convocar o Captain Invincible novamente para a luta, para que ele possa acabar com os planos do vilão. O problema é que ele agora é um bebum indigente que vaga pelas ruas da Austrália e não voa mais. Para se reintegrar a sociedade e re-assumir seu posto de herói ele conta com a ajuda da oficial Patty Patria (Kate Fitzpatrick).



Com esse plot amalucado, "The Return Of Captain Invincible" é uma ótima comédia musical de super-heróis. Algumas músicas (como a canção dos créditos finais) foram compstas por Richard O' Brien e Richard Hartley, a dupla de The Rocky Horror Picture Show e Shock Treatment, e são de longe as mais inspiradas do filme. Porém a mais engraçada é a cantada pelo presidente, onde ele põe-se a repetir a palavra "Bullshit" um bocado de vezes. A cena é impagável e já mostra o tom escrachado que permeia o filme todo.
Assista ao video abaixo e escute uma bela canção:

Infelizmente, essa pérola divertidíssima continua inédita do Brasil e não parece que deixará de ser, o que é incrível pelos grandes nomes que constam na ficha técnica, como o de Christopher Lee (embora o fato da empresa que bancou o filme ter fechado as portas uma semana depois da estreia ter contribuído para tornar o filme ainda mais inacessível). Pra quem quiser assistir, "The Return Of Captain Invincible" está disponível para download, embora não há legendas em português e nem em qualquer outro idioma (só pra ter uma ideia de como o filme é obscuro, pois existem legendas em português de "Class Of Nuke 'Em High", outro cult classic inédito no Brasil, e igualmente obscuro, pelo menos aqui). Vale a pena correr atrás e rir muito dessa besteira cult.
                             
                                                Trailer de "The Return Of Captain Invincible"


The Return Of Captain Invincible (Austrália, 1983)
Direção: Philippe Mora
Elenco: Alan Arkin, Christopher Lee, Michael Pate, Kate Fitzpatrick, Bill Hunter, Max Cullen, Chris Haywood

domingo, 14 de outubro de 2012

Fanboys (2009)



Ainda lembro a primeira vez que vi Star Wars. Foi nas férias de julho de 2000, eu tinha 5 anos de idade. O SBT resolveu fazer um especial Guerra nas Estrelas, exibindo um filme por dia, em ordem de lançamento. Assim pude assistir à saga do mesmo modo que todo mundo assistiu. Logicamente, a primeira impressão que ficou foi a que aquilo era a melhor coisa de todos os tempos (afinal, quando você é uma criança é impossível não gostar de Star Wars), e obviamente depois que os 3 clássicos filmes foram exibidos e o recente Episódio I foi exibido, eu estava lá, pouco me importando com a trama fraca, com os Midichlorians, Jar Jar ou "Annie". Aquilo, pra mim, ainda era a melhor coisa de todos os tempos.

Sim, eu sou um fã de Star Wars. Não um grande fã que coleciona tudo e sabe de tudo, mas sim um cara que conhece o suficiente e admira profundamente a mitologia criada por George Lucas. E como fã, eu recomendo pra você fã, ardoroso ou não, essa divertida comédia de 2009 chamada "Fanboys". 

No filme, conhecemos a história de Eric (Sam Huntington) um cara comum que há 3 anos deixou a escola e agora está trabalhando vendendo automóveis na tradicional loja de seu pai (Christopher McDonald). Um exemplo de alguém que julga ter vencido na vida, Sam reencontra em uma festa a fantasia seus antigos amigos de escola Hutch (Dan Fogler), Windows (Jay Baruchel) e Linus (Chris Marquette), que agora não se dá mais bem com Eric, pois ele desistiu dos planos que eles tinham de virarem grandes desenhistas de histórias em quadrinhos.

Após uma briga, Eric descobre que Linus está com câncer e tem pouquíssimo tempo de vida. Após uma tentativa frustrada de fazer as pazes com o antigo amigo, Eric com a ajuda de Windows e Hutch convencem Linus a seguir com eles em uma viagem até o Rancho Skywalker (um tipo de quartel-general da LucasFilm, que existe de verdade) para roubar a cópia master do Episódio I – A Ameaça Fantasma, para eles assistirem juntos antes que o amigo se vá. No caminho, eles encontram de tudo, desde um mentor espiritual drogadão, motoqueiros gays, “trekkies” e cafetões nerds.

“Fanboys” pode ser considerado não apenas uma homenagem à uma das maiores franquias do cinema, sendo também uma homenagem aos fanáticos por Star Wars presentes ao redor do mundo. Tudo que caracteriza um fã xiita das desventuras de Han, Luke e Leia está lá, como a rivalidade com fãs de Star Wars (a cena em que os fãs das duas franquias caem na porrada é hilária), toda a manicagem em cima da Princesa Leia, e o fato de muitos considerarem Han Solo um deus. O filme também é recheado de referências à franquia, a sua “rival” Star Trek, ao universo denominado nerd, e até mesmo aos atores envolvidos nas mais conhecidas franquias de  Sci-Fi (destaque para a cena em que os amigos conversam sobre Harrison Ford, e quando Linus diz que ele é foda e nunca fez filme ruim, aparece um outdoor do filme “Seis Dias, Sete Noites”).

Vale ficar atento às participações especiais, que são as partes mais divertidas do filme. Algumas são bem rápidas e você pode até perder (como a participação de Kevin Smith),  mas de resto nomes como Billy Dee Williams, Ray Park, Danny Trejo, Seth Rogen, William Shatner e Carrie Fisher (que repete um dos diálogos mais conhecidos de O Império Contra-Ataca) são facilmente reconhecidos.

Enfim, se você é fã de Star Wars e ainda não teve a oportunidade  de assistir “Fanboys”, você deve correr atrás dessa homenagem ao universo criado por Lucas e à você. Porém, fica uma ressalva: você tem que ter bagagem nerd suficiente para entender algumas sacadas do filme, senão as chances de você ficar boiando durante o filme inteiro são estimadas em quase 100%. Dito isso, corre atrás desse filme e que a força esteja com você!

No one calls Han Solo a bitch!

                                                                  Trailer de Fanboys:


Fanboys (EUA, 2009)
Direção: Kyle Newman
Elenco: Sam Huntington, Chris Marquette, Dan Fogler, Jay Baruchel, Kristen Bell, Christopher McDonald, Seth Rogen, Carrie Fisher, Billy Dee Williams, Danny Trejo