sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O Fantasma do Paraíso (1974)


De toda a filmografia de Brian De Palma, posso dizer que "O Fantasma Do Paraíso" figura no Top 3 dos meus filmes favoritos. Essa produção de 1974 representa o que há de melhor no estilo do cineasta, onde vemos o diretor no auge de sua forma, acompanhado de um elenco brilhante e de um roteiro esperto (escrito pelo próprio De Palma).


Na trama de "O Fantasma do Paraíso", conhecemos o músico e empresário do ramo fonográfico conhecido apenas como Swan (interpretado pelo músico Paul Williams), um precoce no meio da música, que produziu seu primeiro disco de ouro aos 14 anos, e conseguiu alcançar o ápice da fama ao lançar o grupo The Juicy Fruits, que surgiu em meio a onda de saudosismo nos anos 70. Porém, ele decidiu que já era hora de experimentar outras coisas, e para isso ele precisa de uma nova sonoridade, tanto para se auto-promover quanto para poder inaugurar o que seria o Templo definitivo do rock, o Paradise, um lugar onde tudo seria permitido e que viveria recebendo artistas de Rock, normais e malucões.

Em sua busca por uma sonoridade única, Swan acaba conhecendo o excêntrico pianista Winstow Leach (William Finley), que compôs uma excepcional sonata que retratava a clássica história de Fausto. Empolgado por receber uma proposta de ter sua música produzida por Swan, Winstow acaba dando a cópia original da sonata para o produtor, que a rouba, primeiro botando os Juicy Fruits para tocá-la, e depois dando- a para uma grande cantora chamada Phoenix (Jessica Harper, de "Shock Treatment"). Quando Winstow descobre que sua música está sendo tocada por uma banda comercialóide e descartável, ele passa a caçar o inescrupuloso produtor, porém um acidente terrível na fábrica de discos pertecente a Swan faz com que o compositor tenha seu rosto deformado, forçando-o a usar uma máscara e uma roupa especial. A partir daí, Winslow, agora assumindo a identidade do Fantasma, começa uma verdadeira busca por vingança contra aquele que causou seu mal, ao mesmo tempo em que tenta salvar Phoenix das garras do empresário, que guarda um segredo macabro.

"O Fantasma do Paraíso" é uma aula divertidíssima de cinema. O roteiro é bem inteligente, carregado de humor, drama e ação; o elenco está impecável (com destaque para o trio protagonista, Finley, Williams e Harper), e a música, a cargo de Williams, é excelente, com canções de Rock bem setentistas e exageradas (era a época do Glam Rock, afinal). Destaque também para Gerrit Graham ( de Brinquedo Assassino 2), na pele do excêntrico músico Beef, uma das coisas mais divertidas do filme, mas que infelizmente aparece bem pouco.

Enfim, se você não conhece a filmografia de Brian De Palma, mas quer aventurar-se nela, esse filme aqui é uma excelente porta de entrada, onde tudo de bom que o cinema do diretor tem está condensado em uma produção só. Vale também uma sessão com esse e dois dos filmes mais conhecidos do cara: "Carrie, a estranha" e "Scarface". Ao final dessa sessão, você estará apaixonado pelo cinema de Brian De Palma.

                                                         Trailer de "O Fantasma do Paraíso"


Phantom Of The Paradise (EUA, 1974)
Direção: Brian De Palma
Elenco: Paul Williams, William Finley, Jessica Hraper, Gerrit Graham, George Memmoli


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Passion (2012)


Olha, o negócio é o seguinte... eu adoro o trabalho de Brian De Palma e pra mim ele é um dos caras mais fodas da história do cinema. Eu realmente adoro os trabalhos do cara. Por isso, fiquei decepcionado após ver uma negação transposta em película chamada "Passion", um remake de De Palma para o filme francês "Crime de Amor", dirigido por Alain Corneau.

Em "Passion", uma executiva do ramo da publicidade chamada Christine (Rachel McAdams), sempre se achou a última bolacha do pacote, a fodidona da história, até que Isabelle (Noomi Rapace), uma de suas subordinadas, aparece com ótimas ideias, revelando ser outra grande promessa do ramo. Eis então que Christine começa a roubar as ideias de Isabelle, numa tentativa de se impor à garota rival. As duas então começam um relacionamento competitivo, mas depois elas acabam tendo relações sexuais, inclusive com o mesmo amante e uma outra assistente do ramo (interpretados por Paul Anderson e Karoline Herfurth, respectivamente).

Não dá pra entender o que aconteceu com De Palma ao dirigir "Passion". Quando você constata que este é o mesmo diretor de obras como "O Fantasma do Paraíso", "Missão: Impossível", "Carrie" e "Scarface", você até começa a acreditar que ele deve ter batido a cabeça numa pedra em alguma praia por aí. Só isso pra justificar a direção pesada e bastante incoerente do veterano, combinada com um roteiro que cria um suspense tão bem resolvido quanto um de um episódio de Scooby-Doo (se bem que até o desenho do cão medroso tem tramas mais trabalhadas).

A situação piora ainda mais, porque graças à direção frouxa, o elenco também não se esforça em deixar a coisa um pouco melhor. Os protagonistas fazem mais caretas e caras afetadas do que Tommy Lee Jones e Jim Carrey conseguiram no infame "Batman Eternamente", e todo mundo mesmo bem canastra. Tudo de realmente muito mal gosto.

Pelo menos é garantia de boas risadas. O negócio é tão ruim que fica até engraçado. Mas isso não é uma boa notícia quando se fala de Brian De Palma. Mais sorte na próxima pra ele, então.
                                                                       
                                                                    Trailer de "Passion"


Passion (EUA, França, Alemanha)
Direção: Brian De Palma
Elenco: Rachel McAdams, Noomi Rapace, Paul Anderson, Rainer Bock, Karoline Herfurth

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Howard, O Super-Herói (1986)


Em 1986, filmes baseados em quadrinhos eram difíceis de se ver chegando aos cinemas. Como já disse antes, tirando os filmes do Super-Homem, e um ou outro projeto, as HQs passaram bem longe da telona. Como todo mundo sabe, apenas em 1989, quando o Batman de Tim Burton mostrou que dava pra fazer um filme de HQs que lucrasse e fosse fiel à fonte, o gênero floresceu. E foi no período pró-morcegão que "Howard, O Super Herói" foi produzido, sendo considerado uma aberração e uma vergonha dentro da respeitada filmografia de seu produtor: George Lucas.

Reza a lenda que Lucas era fâ das histórias do pato boca-suja da Marvel Comics, que começaram a ser publicadas em 1975 e terminaram em 1978 (e que depois disso teve mais algumas minisséries e participações especiais nas revistas de outros personagens). Primeiro, pensou-se em fazer uma animação, porém como sempre tem que ir contra a maré - as vezes pro bem e as vezes pro mal - Lucas convenceu a produtora Gloria Katz e o diretor Willard Huyck a produzir o filme em Live-Action, deixando os efeitos especiais por conta de sua Industrial Light and Magic.

Ninguém brinca com o mestre do Quack Fu!

No filme, Howard (interpretado por 6 pessoas diferentes durante o filme), um pato humanóide que reside em Duckworld, acaba sendo trazido à Terra por culpa de um Laser experimental vindo do nosso planeta. Após viajar pelo universo, acaba aterrissando em Cleveland, onde enfrenta a ira de um namorado esquentado e um bando de motoqueiras chamadas "Prostitutas de Satã". Quando os problemas parecem não ter fim, Howard conhece a adorável terráquea Beverly (Lea Thompson, em alta na época por causa de seu papel em "De Volta Para O Futuro"), que torna-se amiga dele após ele meter o cacete em uns caras que queriam violentá-la. Howard conta seu problema, e Beverly diz que conhece alguém que pode ajudá-lo a voltar para casa: o aprendiz de cientista Phil (Tim Robbins pagando o clássico mico de início de carreira), que chama para ajudá-lo o Dr. Walter Jenning (Jeffrey Jones, figura carimbada dos filmes dos anos 80), que supervisionava a experiência que trouxe Howard à Terra por engano.

Ao tentar refazer a experiência, porém, algo sai errado, e o Dr. Jenning começa a sofrer alguns distúrbios. Preocupados, Howard e Beverly fogem com ele. Mais tarde, eles acabam descobrindo que uns seres conhecidos como Mestres Ocultos do Universo estão vindo para dominar a Terra, fazendo moradia no corpo de Jenning. Agora resta a Howard com a ajuda de seus amigos (metidos em muuuitas confusões, como já dizia o narrador da Sessão da Tarde) impedir que os vilões cheguem para dominar tudo.

Repleto de coisas ridículas e piadas ruins, "Howard, O Super-Herói" tornou-se o maior fracasso de 1986 e é uma produção execrada até hoje, embora George Lucas até hoje acredita que o filme no futuro será visto com bons olhos. O prejuízo foi tão grande que Lucas teve que vender a divisão de animação da LucasFilm para poder pagar as contas, o que no fim deu certo para vendedor e comprador, pois o segundo era ninguém menos que Steve Jobs, que depois ajudou Lucas a transformar a antiga divisão de animação na Pixar, a maior empresa de animação do mundo (e hoje, assim como a LucasFilm, é parte da Disney). O filme pecou por não ser tão fiel ao espírito do personagem nas HQs (inéditas no Brasil). Nos quadrinhos criados por Steve Gerber, Howard é bem mais boca-suja, há muito menos de ficção científica e muito de crítica social em suas páginas. Os roteiristas Katz e Huyck optaram por deixar o lado crítico do personagem de lado e entregar mais um filme genérico de aventura, desta vez com o diferencia lde ser estrelado por um ator vestido de pato (Gloria Katz mais tarde respondeu as críticas ruins ao seu filme, dizendo: "É um filme sobre um pato de outro planeta, não é para ser um filme profundo e existencialista"). Mas o maior erro foi não ter feito do filme uma animação, que casaria bem melhor com o estilo do filme e nos pouparia de ter que crer que aquele visível boneco é um pato alienígena; por causa disso, os 6 anões que se fantasiaram de pato acabaram ganhando o Framboesa de Ouro de pior ator.

Inexplicavelmente, o filme hoje tem uma legião de fãs (entre os quais eu envergonhadamente me incluo) que o veem apenas como uma grande piada e um tesouro do que pode ser chamado de "Trash Mainstream". Felizmente, a carreira de nenhum dos envolvidos foi abalada tão drasticamente (Tim Robbins até ganhou um Oscar mais tarde, pelo excelente "Um Sonho de Liberdade"), mas ainda assim é uma mancha negra nas carreiras de todo o elenco e crew. Pior para Lucas, que apenas produziu mas que acabou, quase que sozinho, pagando o pato.

                                                      Trailer de "Howard , O Super-Herói":

Howard The Duck (EUA, 1986)
Direção: Willard Huyck
Elenco: Lea Thompson, Jefrrey Jones, Tim Robbins, Chip Zien, Ed Gale, Paul Guifoyle, Tim Rose, Virginia Capers