quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A Volta dos Mortos-Vivos (1985)


BÚ!

Aproveitando que hoje é Halloween, resolvi fazer um post especial para comemorar a data, falando um pouco sobre um dos grandes clássicos do terror oitentista: A Volta dos Mortos-Vivos. Despretensiosamente escrito por Dan O' Bannon, conhecido por ter escrito o roteiro de "Alien", "A Volta dos Mortos-Vivos" faz referência direta ao "A Noite dos Mortos-Vivos", de George A. Romero, que na trama do filme, foi baseado em uma história real. Entretanto, ele não é algum tipo de sequência ou spin-off do filme de Romero.

No filme, conhecemos Frank (James Karen) e Freddy (Thom Matthews), que trabalham em uma espécie de armazém para suplementos médicos, sendo Freddy um novato. Eis que então Frank conta a Freddy toda a história por trás do filme de Romero: ele teria escrito o filme baseado em testes com elementos químicos feitos pelo exército, cujo efeito colateral fazia os mortos pularem como se ainda estivessem vivos. Como miséria pouca é bobagem, os corpos usados no experimento estão trancafiados em uns tipos de tambores no porão do armazém, que também vende corpos para escolas de medicina.

Tomados pela curiosidade, os dois descem para ver os corpos, e abrem um dos tambores, mas um dos barris começa a vazar, fazendo que os dois desmaiem ao inalar o gás que lá estava armazenado. Indo pela ventilação, o gás começa a se espalhar por todo o lugar, afetando inclusive uma sala onde um cadáver está guardado. Enquanto isso, somos também apresentados aos amigos de Freddy, um grupo de punks que espera o jovem sair do emprego para irem a farra, mas enquanto isso fazem uma festinha em um cemitério da cidade. Acontece que quando Frank, Freddy, e seus outro amigos Ernie (Don Calfa) e Burt (Clu Gulager) acabam por cremar o corpo re-animado, as toxinas presentes no corpo do zumbi escapam pela fumaça e logo depois misturam-se à uma chuva, que obviamente também cai no cemitério onde os punkis estão, acabando por trazer os mortos de volta à vida. Começa agora uma guerra para livrar-se dos mortos-vivos, mandando eles novamente para debaixo da terra.

Misturando terror clássico com humor negro, além de várias referências aos filmes de mortos-vivos, "A Volta dos Mortos-Vivos" é um filme muito divertido e que acrescenta coisas à mitologia dos zumbis. Neste filme, eles são capazes de falar e são até bem inteligentes (uma sacada genial é a cena quando um dos zumbis escuta o rádio da ambulância, deixa de devorar o cérebro do paramédico e responde ao chamado falando "Mandem mais paramédicos"). Uma mudança é o fato dos zumbis se alimentarem apenas dos cérebros das pessoas, e não mais de seu corpo inteiro como em outros filmes (daí vem a clássico expressão "BRAAAAAAINS", dita por um dos zumbis e repetida até hoje nos Zombie Walks da vida). O elenco é ótimo e parece muito a vontade durante o filme inteiro com destaque para a dupla protagonista Karen e Matthews. Para os homens, quem rouba a cena, entretanto, é Linnea Quigley, como a punk conhecida como Trash, na clássica cena em que ela dança nua em cima de uma sepultura. Linnea tornou-se a rainha dos filmes B depois de estrelar várias produções de baixo orçamento, a maioria inéditas no Brasil.

Em tempos que as pessoas conhecem zumbis através dos filmes de Resident Evil (todos muito ruins!) e de séries competentes como The Walking Dead (conheça os quadrinhos), vale a pena revisitar o passado e assistir esse classicão que ainda funciona muito bem e continua tão aterrorizante e engraçado quanto foi há 27 anos.

Melhor fala:
"- Você não disse que era só destruir o cérebro e ele morria?"
"- Funcionava no filme!"
" - Mas não funciona agora."
" - Quer dizer que o filme mentiu?"

                                                      Trailer de "A Volta dos Mortos-Vivos"

The Return Of The Living Dead (EUA,1985)
Direção: Dan O' Bannon
Elenco: James Karen, Thom Matthews, Clu Gulager, Miguel A. Nunez Jr., Brian Peck, Linnea Quigley

terça-feira, 23 de outubro de 2012

The Return Of Captain Invincible (1983)


Gosto de Super-Heróis. Leio gibis desde bem moleque. Até lembro do primeiro gibi que ganhei: uma edição de 1985 da revista Super-Amigos que continha histórias de Batman e uma parte da mini Camelot 3000. Gosto muito de comédias e musicais também. Se você também adora tudo isso, então você precisa assistir essa desconhecida produção australiana chamada "The Return Of Captain Invincible", uma divertida sátira da imagem clássica do Super-Herói, e uma das comédias mais engraçadas que eu já vi, mas que ninguém mais parece ter assistido.


A trama nos apresenta o corajoso Captain Invincible (Alan Arkin, o avô drogadão de "Pequena Miss Sunshine"), um super-herói deliciosamente clichê: correto até o DNA e defensor do American Way Of Life no maior estilo Super-Homem ou Capitão América nos anos 40 (os dois influenciaram a criação deste). Ele fazia sucesso na Segunda Guerra Mundial, quando ajudou a derrubar os Nazistas, porém após o fim da guerra, Captain Invincible foi proibido de atuar em prol da justiça, pois o governo americano o acusou de ter ligação com os comunistas (por causa de sua capa vermelha), voar sem ter licença e de ser uma afronta à moral e aos bons costumes, por usar cueca por cima da calça em público.

Desolado e sem forças para continuar, o herói muda-se para a Austrália, onde permanece no anonimato por 40 anos. Enquanto isso, na América, o terrível vilão Mr. Midnight (Christopher Lee, absurdamente cômico) põe em prática seu grande plano: roubar uma poderosa arma chamada Hypno-Ray e usá-la para dominar o mundo. Após várias ideias de contra-ataque serem negadas, o Presidente dos EUA (Michael Pate, muito engraçado) encontra a única solução: convocar o Captain Invincible novamente para a luta, para que ele possa acabar com os planos do vilão. O problema é que ele agora é um bebum indigente que vaga pelas ruas da Austrália e não voa mais. Para se reintegrar a sociedade e re-assumir seu posto de herói ele conta com a ajuda da oficial Patty Patria (Kate Fitzpatrick).



Com esse plot amalucado, "The Return Of Captain Invincible" é uma ótima comédia musical de super-heróis. Algumas músicas (como a canção dos créditos finais) foram compstas por Richard O' Brien e Richard Hartley, a dupla de The Rocky Horror Picture Show e Shock Treatment, e são de longe as mais inspiradas do filme. Porém a mais engraçada é a cantada pelo presidente, onde ele põe-se a repetir a palavra "Bullshit" um bocado de vezes. A cena é impagável e já mostra o tom escrachado que permeia o filme todo.
Assista ao video abaixo e escute uma bela canção:

Infelizmente, essa pérola divertidíssima continua inédita do Brasil e não parece que deixará de ser, o que é incrível pelos grandes nomes que constam na ficha técnica, como o de Christopher Lee (embora o fato da empresa que bancou o filme ter fechado as portas uma semana depois da estreia ter contribuído para tornar o filme ainda mais inacessível). Pra quem quiser assistir, "The Return Of Captain Invincible" está disponível para download, embora não há legendas em português e nem em qualquer outro idioma (só pra ter uma ideia de como o filme é obscuro, pois existem legendas em português de "Class Of Nuke 'Em High", outro cult classic inédito no Brasil, e igualmente obscuro, pelo menos aqui). Vale a pena correr atrás e rir muito dessa besteira cult.
                             
                                                Trailer de "The Return Of Captain Invincible"


The Return Of Captain Invincible (Austrália, 1983)
Direção: Philippe Mora
Elenco: Alan Arkin, Christopher Lee, Michael Pate, Kate Fitzpatrick, Bill Hunter, Max Cullen, Chris Haywood

domingo, 14 de outubro de 2012

Fanboys (2009)



Ainda lembro a primeira vez que vi Star Wars. Foi nas férias de julho de 2000, eu tinha 5 anos de idade. O SBT resolveu fazer um especial Guerra nas Estrelas, exibindo um filme por dia, em ordem de lançamento. Assim pude assistir à saga do mesmo modo que todo mundo assistiu. Logicamente, a primeira impressão que ficou foi a que aquilo era a melhor coisa de todos os tempos (afinal, quando você é uma criança é impossível não gostar de Star Wars), e obviamente depois que os 3 clássicos filmes foram exibidos e o recente Episódio I foi exibido, eu estava lá, pouco me importando com a trama fraca, com os Midichlorians, Jar Jar ou "Annie". Aquilo, pra mim, ainda era a melhor coisa de todos os tempos.

Sim, eu sou um fã de Star Wars. Não um grande fã que coleciona tudo e sabe de tudo, mas sim um cara que conhece o suficiente e admira profundamente a mitologia criada por George Lucas. E como fã, eu recomendo pra você fã, ardoroso ou não, essa divertida comédia de 2009 chamada "Fanboys". 

No filme, conhecemos a história de Eric (Sam Huntington) um cara comum que há 3 anos deixou a escola e agora está trabalhando vendendo automóveis na tradicional loja de seu pai (Christopher McDonald). Um exemplo de alguém que julga ter vencido na vida, Sam reencontra em uma festa a fantasia seus antigos amigos de escola Hutch (Dan Fogler), Windows (Jay Baruchel) e Linus (Chris Marquette), que agora não se dá mais bem com Eric, pois ele desistiu dos planos que eles tinham de virarem grandes desenhistas de histórias em quadrinhos.

Após uma briga, Eric descobre que Linus está com câncer e tem pouquíssimo tempo de vida. Após uma tentativa frustrada de fazer as pazes com o antigo amigo, Eric com a ajuda de Windows e Hutch convencem Linus a seguir com eles em uma viagem até o Rancho Skywalker (um tipo de quartel-general da LucasFilm, que existe de verdade) para roubar a cópia master do Episódio I – A Ameaça Fantasma, para eles assistirem juntos antes que o amigo se vá. No caminho, eles encontram de tudo, desde um mentor espiritual drogadão, motoqueiros gays, “trekkies” e cafetões nerds.

“Fanboys” pode ser considerado não apenas uma homenagem à uma das maiores franquias do cinema, sendo também uma homenagem aos fanáticos por Star Wars presentes ao redor do mundo. Tudo que caracteriza um fã xiita das desventuras de Han, Luke e Leia está lá, como a rivalidade com fãs de Star Wars (a cena em que os fãs das duas franquias caem na porrada é hilária), toda a manicagem em cima da Princesa Leia, e o fato de muitos considerarem Han Solo um deus. O filme também é recheado de referências à franquia, a sua “rival” Star Trek, ao universo denominado nerd, e até mesmo aos atores envolvidos nas mais conhecidas franquias de  Sci-Fi (destaque para a cena em que os amigos conversam sobre Harrison Ford, e quando Linus diz que ele é foda e nunca fez filme ruim, aparece um outdoor do filme “Seis Dias, Sete Noites”).

Vale ficar atento às participações especiais, que são as partes mais divertidas do filme. Algumas são bem rápidas e você pode até perder (como a participação de Kevin Smith),  mas de resto nomes como Billy Dee Williams, Ray Park, Danny Trejo, Seth Rogen, William Shatner e Carrie Fisher (que repete um dos diálogos mais conhecidos de O Império Contra-Ataca) são facilmente reconhecidos.

Enfim, se você é fã de Star Wars e ainda não teve a oportunidade  de assistir “Fanboys”, você deve correr atrás dessa homenagem ao universo criado por Lucas e à você. Porém, fica uma ressalva: você tem que ter bagagem nerd suficiente para entender algumas sacadas do filme, senão as chances de você ficar boiando durante o filme inteiro são estimadas em quase 100%. Dito isso, corre atrás desse filme e que a força esteja com você!

No one calls Han Solo a bitch!

                                                                  Trailer de Fanboys:


Fanboys (EUA, 2009)
Direção: Kyle Newman
Elenco: Sam Huntington, Chris Marquette, Dan Fogler, Jay Baruchel, Kristen Bell, Christopher McDonald, Seth Rogen, Carrie Fisher, Billy Dee Williams, Danny Trejo

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A Hora do Espanto (2011)




Como já comentei aqui no blog antes, adoro filmes de terror, e adoro A Hora do Espanto, um clássico dos anos 80 que até hoje tem uma legião de fãs, e uma produção querida por muitos dos sobreviventes da década colorida. E justamente por carregar uma grande quantidade de fanáticos, e com a probabilidade de conseguir mais fãs em tempos que os vampiros voltaram à moda graças a produções duvidosas como a saga (pfffff) Crepúsculo ou seriados como Vampire Diaries e True Blood, foi encomendado um remake de Fright Night.

Em "A Hora do Espanto", somos apresentados ao estudante Charley Brewster (Anton Yelchin, de "Star Trek"), um garoto comum que vive com a mãe. Antes um nerd rejeitado na escola, Charley conseguiu ficar com a gostosona da escola, Amy (Imogen Poots) e agora tem uma nova roda de amigos, deixando seu velho companheiro Eddie Leigh (Christopher Mintz - "McLovin'" Plasse) para trás. Eddie anda preocupado pois um dos seus amigos de infância, que era amigo de Charley também, acaba sumindo sem explicação. Enquanto isso, Charley e sua mãe conhecem o misterioso Jerry Dandridge (Colin Farrell), que acaba de se mudar para a casa ao lado, e acaba deixando a mãe do garoto encantada.

Eddie então conta para Charley sobre os sumiços na região, e diz que está totalmente convencido que Jerry é o responsável por tudo, afinal ele é um vampiro! Obviamente, Charley não acredita, mas não demora muito para ele presenciar o inacreditável. Agora, sem saber o que fazer, ele vai ao encontro do ilusionista de Las Vegas Peter Vincent (David Tennant, de "Doctor Who"), pois acredita que ele é o único que pode ajudá-lo a impedir que Jerry mate a cidade toda. O problema é que o cara é uma farsa, que não tá nem aí para a mitologia dos vampiros. Mesmo assim, os dois vão unir forças pra acabar com a farra desse ser das trevas.

O ponto positivo de "A Hora do Espanto" é que ele até se mantém fiel ao material original,neste caso o filme de 1985 dirigido por Tom Holland, ao contrário de outros remakes, como O Vingador do Futuro, A Hora do Pesadelo e outros. Porém, esta versão toma algumas liberdades em relação ao clássico oitentista: Peter Vincent não é mais um velho ator desempregado (uma atuação soberba do saudoso Roddy McDowall, o Cornelius de Planeta dos Macacos e o Traça da série do Batman), Amy não é mais tão tímida, Eddie não é mais tão esquisito e Jerry não tem mais sem fiel lacaio (Billy Cole, interpretado por Jonathan Stark no filme de 85).  Entretanto, o maior erro do filme está na construção de Charley, o personagem principal. Se no filme original era fácil simpatizar com o personagem de William Ragsdale, aqui no filme de Craig Gillespie, o personagem de Yelchin é quase odiável. Enquanto o Charley original era um bom rapaz, o Charley vivido por Yelchin é um grande babaca, que chega a dizer coisas como "Minha vida melhorou quando parei de andar contigo" para seu amigo Eddie, atitude que o personagem clássico jamais tomaria! Enfim, é muito difícil simpatizar com Yelchin logo de cara, ainda mais porque seu personagem começa a ganhar nossa admiração apenas perto da metade do filme.

Por outro lado, todos os outros personagens são bem construídos e são relevantes a trama, inclusive a mãe de Charley (Toni Collette), que no filme original (Dorothy Fielding) não tinha importância nenhuma na narrativa. David Tennant entrega um Peter Vincent muito divertido, porém nada que bata o brilhantismo da atuação de McDowall. Agora Colin Farrell realmente pareceu se divertir no papel do sedutor vampiro, e entrega uma deliciosa atuação, quase páreo com Chris Sarandon (o vampiro do filme original).

Enfim, embora seja um filme bastante divertido e que respeita a fonte, quase ninguém engoliu "A Hora do Espanto", o que resultou em um fracasso de bilheteria, o que impossibilitou o financiamento da sequência (que seria ótimo para tornar a segunda parte do filme original mais conhecida), mas mesmo assim vale uma assistida. Ah, e se você não gostar e achar que é mais um remake fraco desses que sempre estão em cartaz, é só assistir o clássico, ele vai estar sempre lá em toda sua imponência e importância =)

P.s: Visitem o blog www.jdandrige.blogspot.com ! Foi criado por um fã da franquia Fright Night, e lá ele comenta sobre a onda de remakes e sobre os filmes de horror clássicos!
                                                         
                                                                Trailer de "A Hora do Espanto"


Fright Night (EUA e França, 2011)
Direção: Craig Gillespie
Elenco: Anton Yelchin, Imogen Poots, Colin Farrell, David Tennant, Christopher Mintz-Plasse, Toni Collette, Chris Sarandon